sexta-feira, 2 de março de 2012

Hospital estadual 'pega no pé' para transplantado tomar remédio direito em casa

Aulas particulares, material didático e telefonemas para a residência do paciente ajudam na adesão ao tratamento após a alta hospitalar

O Hospital de Transplantes do Estado de São Paulo, unidade especializada da Secretaria de Estado da Saúde na capital paulista, elaborou programa de alta individualizada para auxiliar os pacientes que passaram por transplantes de órgãos a cumprirem um dos maiores desafios após a alta hospitalar: a adesão ao tratamento com remédios.

Para garantir que o corpo não rejeite o novo órgão são necessárias doses diárias de medicamentos, os chamados imunossupressores, que podem chegar a 30 unidades diferentes, entre pílulas, comprimidos e soluções. Os pacientes devem respeitar rigorosamente a dosagem e os horários prescritos pelo médico.

O processo de alta hospitalar individual é realizado por farmacêuticos do hospital, acompanhados por especialistas clínicos, que utilizam material didático e personalizado para orientar – e convencer - o usuário e seus acompanhantes a seguir o tratamento em casa.

Durante cerca de quarenta minutos, eles participam de uma “aula particular”, em que recebem informações detalhadas sobre cada medicamento prescrito, suas doses e horários corretos, a forma ideal de manipulá-los e os locais e condições de armazenamento. Também conhecem as indicações, os riscos de interações medicamentosas e os possíveis efeitos colaterais destes remédios para que possam ficar atentos a qualquer mudança física.

Ainda com o objetivo de fortalecer a adesão aos medicamentos, além de aumentar a sensação de acolhimento e segurança nos usuários, os farmacêuticos responsáveis pela alta hospitalar fazem contatos telefônicos com seus pacientes após 5, 15 e 30 dias de sua volta para casa.

Estima-se que 20% a 30% dos pacientes não utilizem os medicamentos da maneira correta, trocando doses e horários ou desistindo do tratamento. Esta atitude pode agravar o quadro clínico, favorecer o aparecimento de novas doenças e aumentar a necessidade de reinternação.

“Quando falamos de pacientes transplantados, no entanto, um erro de medicação chega a custar uma vida. É fundamental oferecer educação a este grupo de usuários, além de coragem e apoio para que eles lutem por sua saúde. É nosso papel persuadi-los a manter o tratamento pelo resto de suas vidas”, ressalta o gerente de farmácia Gabor Amon.

Segurança

O Hospital de Transplantes também implantou o sistema “Dose Unitária” na farmácia com o objetivo de evitar erros de medicação envolvendo os pacientes internados. Uma equipe especializada fica responsável pelo preparo de medicamentos e identifica cada uma destas doses únicas com etiquetas personalizadas, referentes aos usuários que vão receber os remédios. Este controle assegura que o paciente receba exatamente o que foi prescrito pelo médico.

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