quarta-feira, 21 de março de 2012

Em 10 anos, triplica atendimento de crianças vítimas de abuso sexual em SP

Maior atenção de pais e professores e incentivo à denúncia são apontados como principal causa do aumento

Levantamento da Secretaria de Estado da Saúde no hospital estadual Pérola Byington aponta que o número de crianças atendidas no Núcleo de Violência Sexual da unidade triplicou entre os anos de 2001 e 2011. Os dados mostram ainda que no mesmo período houve um crescimento de 52% no número de atendimentos a adolescentes com idade entre 12 e 17 anos.

Em 2001, 352 crianças haviam sido atendidas pelo serviço. Já no ano passado, os registros com pacientes desta faixa etária atingiram a marca de 1.088 atendimentos. Entre os adolescentes, foram 198 casos em 2001 e 759 em todo o ano de 2011.

Para o médico Jeferson Drezett, coordenador de gerência do Núcleo de Violência Sexual do Pérola Byington, os principais fatores que podem ter contribuído para este aumento são a mudança cultural da sociedade, que passou a denunciar este tipo de ocorrência e a postura mais atenta de pais e professores em relação a situações suspeitas.

“Houve uma mudança cultural no país nos últimos dez anos em relação ao abuso sexual contra criança, que antes era encarado de forma velada e que passou a ser repudiado publicamente. Na mídia, era um tema pouco falado dez anos atrás e que hoje tem um apelo muito forte no noticiário”, diz Drezett.

Segundo ele, a mudança cultural fez com que os cuidadores de crianças, como pais, professores, vizinhos, avós, ficassem mais atentos e mais aptos para identificar o problema e também para se comunicar com as crianças.

Meninos

Outro dado que chama a atenção na pesquisa é o de que o número de atendimentos a vítimas de abuso sexual aumentou 26,4% entre o sexo feminino e triplicou entre o sexo masculino no mesmo período. Em geral, somando todas as vítimas atendidas pelo núcleo, o aumento em dez anos foi de 37%. Entre as vítimas adultas, com mais de 18 anos, o número total caiu 40%.

Como saber quando e onde há possibilidade de abuso sexual contra menor:

1-Os cuidadores de crianças (pais, avós, vizinhos, professores) devem ficar sempre muito atentos e desconfiar de mudanças abruptas de comportamento.

2-Na escola, os professores devem se atentar a qualquer queda no rendimento sem explicação.

3-Uma vez detectada a mudança, o ideal é buscar o diálogo com a criança de forma muito sutil e discreta.

4- É importante saber que uma pequena parte das vítimas procuram um adulto de confiança para contar sobre o abuso. Os relatos das crianças não podem ser encarados como mera fantasia. Eles devem ser sempre levados a sério e averiguados.

5- É importante orientar crianças e jovens sobre cuidados com estranhos em locais públicos. Porém a grande parte das ocorrências se dá em espaços privados como na casa de vizinhos ou na escola.

6- Diante de uma situação suspeita, o ideal é denunciar o caso para o Conselho Tutelar mais próximo. O Conselho é o órgão que tomará as medidas imediatas no sentido de proteger a criança ou o adolescente. A denúncia pode ser feita de forma anônima.

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