Giovanni Guido Cerri
Ao adentrar um hospital, é comum que o paciente se sinta fragilizado, receoso do que pode acontecer com a sua saúde, bem como com eventuais sequelas que pode sofrer. Se a doença for grave, como um câncer ou problema cardíaco, as incertezas costumam ser maiores ainda.
Por este motivo, oferecer um atendimento mais humano aos usuários dos serviços públicos e a seus familiares deve estar na pauta dos gestores do SUS (Sistema Único de Saúde) nas três esferas de governo.
O tema é complexo e não pode, de forma nenhuma, se restringir a ações isoladas, mas a um processo integrado, que envolva toda a equipe de um hospital, ambulatório ou serviço de pronto-atendimento, incluindo médicos, equipe de enfermagem, terapeutas ocupacionais, assistentes sociais, psicólogos, fonoaudiólgos, fisioterapeutas e os profissionais do apoio administrativo.
O Estado de São Paulo possui cerca de 600 hospitais conveniados ao SUS. Há boas experiências de humanização em boa parte dessas unidades, com resultados mensuráveis sob o ponto de vista da satisfação dos usuários.
Naturalmente, serviços que já nascem com diretrizes de atendimento humanizado desde o princípio têm a vantagem de que tais preceitos ficam enraizados desde o princípio, com ações incorporadas ao dia-a-dia. Foi o que aconteceu, por exemplo, com o Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp), que desde sua inauguração, em 2008, implementou cerca de 50 projetos nesse sentido, voltado não somente aos pacientes e familiares, mas também aos profissionais da instituição.
O desafio que se impõe, a partir de agora, é trabalhar para que a cultura da humanização seja disseminada por toda a rede pública, norteando a assistência em saúde na direção do cuidado, do diálogo e do respeito aos pacientes e familiares. Para isso é necessário mudar conceitos, ampliar horizontes e inovar.
Mais do que isso: é preciso estabelecer um programa continuado de formação e qualificação de profissionais de saúde, além de indicadores e instrumentos de incentivo que contribuam para reconhecer os prestadores do SUS que mais se destacarem no desenvolvimento de projetos de humanização.
Prioritariamente, julgamos necessário desenvolver e acompanhar, nos hospitais públicos paulistas, iniciativas em áreas como acolhimento e avaliação de risco, flexibilização de horários de visita e direito a acompanhante e o fortalecimento da equipe interprofissional (psicólogos e assistentes sociais) para prestar apoio a pacientes e familiares.
A partir de um amplo diagnóstico da realidade atual dos serviços do SUS/SP, da sistematização dos dados e da implantação de consultoria permanente para os hospitais será possível estabelecer um novo paradigma no sentido de ampliar, aperfeiçoar e integrar as ações de atendimento humanizado para que esta seja, de fato, a realidade dos hospitais públicos paulistas em um futuro próximo.
Giovanni Guido Cerri, médico, é secretário de Estado da Saúde de São Paulo.
terça-feira, 1 de março de 2011
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