Nutricionista explica que medidas supostamente milagrosas, como a dieta do óleo de coco, não substituem reeducação alimentar e exercícios físicos
O Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, unidade da rede pública estadual e maior complexo hospitalar da América Latina, alerta para os riscos que as dietas da moda, tidas como “milagrosas”, podem representar à saúde da população. Segundo a nutricionista Maíra Branco, a perda de peso rápida está relacionada a um maior risco e facilidade de reganho de peso.
“A perda de água e massa magra, mantendo gordura corporal ocasiona a maior chance de flacidez. Além disso, as dietas muito restritas podem causar deficiência de vitaminas e minerais, trazendo futuros problemas para a saúde”, explica.
Uma das dietas mais comentadas atualmente é a do óleo de coco. Ela vem com a promessa de estimular o metabolismo, promover queima de gordura e reduzir a fome. Nela, recomenda-se o consumo de três colheres de sopa de óleo de coco associado a uma dieta equilibrada, na qual sugere um cardápio com 1.200 calorias diárias.
“Uma dieta com esta quantidade calórica é considerada hipocalórica, o que levaria ao emagrecimento de quem a seguisse independentemente de outras substâncias associadas”, afirma Maíra.
A nutricionista diz, ainda, que o óleo de coco é rico em gordura saturada, que em excesso tem efeitos maléficos ao organismo. O consumo excessivo de gordura saturada está associado ao aumento do colesterol.
A recomendação de ingestão total de gordura saturada, segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia, Associação Médica Brasileira e American Heart Association, é de até 7% de todo o valor calórico consumido.
Com essa proposta de dieta de 1.200 calorias associada a três colheres de sopa de óleo de coco, o consumo de gordura saturada chegaria a cerca de 20% do valor energético total. Isto corresponde a mais que o dobro do consumo máximo recomendado. Além disso, não existe comprovação científica sobre as propriedades atribuídas ao óleo de coco.
O segredo para o emagrecimento saudável está na reeducação alimentar através de uma alimentação equilibrada, com todos os nutrientes necessários em quantidades adequadas (carboidratos, proteínas, gorduras, fibras, vitaminas e minerais).
Os carboidratos devem ser preferencialmente complexos, como grãos integrais, por exemplo. As gorduras devem ser consumidas com moderação e provenientes, principalmente, de óleos vegetais, sementes oleaginosas e peixes ricos em Omega três. Já as proteínas estão presentes em leites e derivados, carnes bovinas, suínas, aves e peixes e também leguminosas.
“Lembrando que a água é essencial para compor uma alimentação equilibrada, além de atividade física regular para manter a saúde em dia”, finaliza a nutricionista.
Mitos e verdades:
Comer de três em três horas emagrece: O ideal é fracionar a alimentação em várias refeições ao dia, comendo a cada três horas. Isso favorece a manutenção do metabolismo ativo, mantendo gasto energético. É importante não confundir o comer a cada três horas com “beliscar” ao longo do dia.
Comer somente até 20h: As pessoas têm um ritmo de atividades reduzidas no período noturno, sendo por isso indicado um consumo de menores quantidades de alimentos à noite.
Café: A cafeína age como um estimulante moderado, aumentando o alerta mental e acelerando o processo do raciocínio. Pesquisadores estudaram os seus efeitos metabólicos e verificaram que a substância não só faz aumentar o gasto de energia (em aproximadamente 13%), como também eleva a termogênese celular, a mobilização de ácidos graxos e a oxidação lipídica. O consumo recomendado de café é de três xícaras pequenas de café ao dia.
Água com limão: Não existe comprovação de que auxilie no emagrecimento, mas como não há relatos de malefícios, ela pode ser consumida, sem adição de açúcar, com o objetivo de hidratação.
Remédios naturais: Não existem comprovação de seus efeitos no emagrecimento e também não se sabe se eles podem causar algum malefício a saúde dos indivíduos que os utilizem.
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