Pesquisa aponta, pela primeira vez, eficácia de teste bacteriano realizado entre a 33ª e a 37ª semana de gestação; 416 vidas foram salvas em maternidade estadual
Estudo realizado pela Secretaria de Estado da Saúde, com base nos atendimentos realizados na maternidade estadual Interlagos, aponta que, em dois anos, 416 mortes neonatais foram evitadas graças ao pioneirismo do hospital na implantação de um exame que identifica a presença da bactéria Streptococcus agalactiae em gestantes.
O teste, realizado entre a 33ª e 37ª semana de gestação, consiste em identificar a bactéria na região genital ou anal das mulheres grávidas. Apesar de inofensivo às gestantes, em recém-nascidos o agente pode provocar quadros graves de bacteremia, pneumonia, meningite, choque séptico e neutropenia (diminuição do número de glóbulos brancos), que podem causar a morte súbita dos bebês.
Nos casos em que o resultado do teste de GBS é positivo, as gestantes são submetidas, na hora do parto, a uma profilaxia a base de antibióticos, que evita a contaminação e a possível morte dos recém-nascidos.
Já quando as grávidas colonizadas pela bactéria não realizam o teste e, consequentemente não são submetidas à profilaxia, a taxa de mortalidade neonatal é alta, variando de 2% a 8% quando os sintomas começam cinco dias após o nascimento, e de 10 a 15% quando os sintomas são tardios, aparecendo entre 7 e 90 dias após o parto.
Dos 2.506 testes de GBS realizados no Hospital Maternidade Interlagos entre janeiro de 2008 e junho de 2011, 416 deram positivo e 16,6% de possíveis mortes neonatais foram evitadas.
“A bactéria identificada pelo exame de GBS se dissemina rapidamente no organismo dos recém-nascidos, causando graves doenças. Por isso, muitas vezes um bebê que nasce saudável pode sofrer uma morte súbita em questão de dias. A notícia boa é que hoje podemos evitar essas mortes através de um teste simples realizado durante o Pré-Natal, disponibilizado pelo SUS”, diz Sandra Sestokas, diretora da maternidade.
A maternidade estadual Interlagos foi a primeira a implantar o teste, que hoje está disseminado no Sistema Único de Saúde e em hospitais particulares.
De acordo com o último levantamento realizado em 2009 pela Secretaria de Estado da Saúde em parceira com a Fundação Seade, 76,1% das grávidas paulistas passam por pelo menos sete consultas de pré-natal nas Unidades Básicas de Saúde, superando o mínimo de seis atendimentos recomendados pelo Ministério da Saúde e o mínimo de quatro recomendado pela OMS (Organização Mundial da Saúde).
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