Problemas com dependência química representam 13% dos atendimentos em pronto-socorro público especializado em saúde mental na zona norte
Crises de depressão e ansiedade lideram o atendimento de emergências psiquiátricas no maior pronto-socorro especializado em psiquiatria da capital paulista. É o que aponta levantamento da Secretaria de Estado da Saúde com base nos dados do PAI (Polo de Atenção Intensiva) em Saúde Mental, unidade da pasta localizada na zona norte.
Do total de pacientes atendidos no serviço, 25% têm diagnóstico primário de depressão ou de transtorno de ansiedade. Problemas com dependência química são responsáveis por 13% dos casos. Já os surtos psicóticos representam 12% dos atendimentos, enquanto os transtornos bipolares respondem por 7% e outros transtornos ansiosos, 6%.
Para a gerente médica do PAI, Célia Gallo, o nível alto de estresse da vida moderna em uma grande capital, como São Paulo, pode ser considerado uma possível causa para os quadros prevalentes de depressão e ansiedade atendidos no local, mas não a única. A médica explica que os mesmos diagnósticos são encontrados também no meio rural, onde a vida é mais tranquila, por exemplo.
Ela também analisa que apesar de serem o principal motivo da busca do serviço para 13% dos pacientes, as drogas podem ter influência indireta junto a um número muito maior de casos. “Os diagnósticos [do levantamento] são os primários, os que levaram aquele paciente ao pronto-socorro. Mas, é preciso entender que alguns destes pacientes podem ter comorbidades combinadas com a dependência química”, afirma Célia.
Dos 20,7 mil pacientes atendidos pelo PAI em 2010, 51% estavam em idade produtiva e tinham entre 19 e 40 anos.
O PAI da Zona Norte é uma parceria entre a Secretaria de Estado da Saúde e a Associação Congregação de Santa Catarina. Instalado na área do Conjunto Hospitalar do Mandaqui, possui 30 leitos de internação, 13 de observação e um ambulatório para acolher os pacientes. Seu foco é o atendimento em psiquiatria. A demanda espontânea (pacientes que procuram o serviço) representa 88% dos atendimentos.
O PAI também mantém projetos diferenciados para seus pacientes e familiares, como a da Cozinha Experimental, que ocorre duas vezes por mês e visa fortalecer os vínculos entre as equipes e os pacientes, trabalhando habilidades como a organização e autonomia.
Outro projeto inovador é o Casulo, que abre espaço para discussão e informação dos pacientes, familiares e dos profissionais, desmistificando o termo “loucura” e proporcionando um trabalho de reflexão sobre o tema. O trabalho também é realizado pelos profissionais do PAI ZN por meio de visitas domiciliares à comunidade local.
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